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Tema central Comunicação, Humanização e Organizações O Brasil conta, hoje, com um expressivo grupo de pesquisadores que se propõe a refletir sobre a produção científica gerada nos cursos de pós-graduação e a contribuir para sistematizar as mais diversas experiências que vêm sendo vivenciadas na prática. E é nesse contexto que a Abrapcorp - Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas promove, de 28 a 30 de abril de 2009, em São Paulo (SP), o III Congresso Abrapcorp – Comunicação, Humanização e Organizações. Ao refletir sobre uma temática de tamanha relevância no cenário hodierno, quatro grandes subtemas ganham destaque: “Políticas de Relações Públicas na gestão da comunicação nas organizações”, “Organizações como espaços de diálogo e construção de significação”, “A comunicação como lugar e processo para a humanização das organizações nas atuais relações de trabalho” e, numa abordagem mais ampla, “O campo da Comunicação Organizacional e de Relações Públicas: fundamentos conceituais e abrangência.” O assunto não é novo, sua importância tampouco. Passados 75 anos dos primeiros resultados dos estudos desenvolvidos por Elton Mayo em Hawthorne, considerados fundamentais para o resgate da dimensão humana no contexto organizacional, presenciamos, hoje, outro momento de passagem. As organizações evoluíram gradativamente dos modelos mecânicos da transmissão unilateral de informações para a implantação de processos de captura de informações e de anseios da audiência, mesmo que esses modelos continuassem assimétricos, como bem captaram Grunig e Grunig. Agora, depois de décadas de embates entre os humanistas e os reengenheiros das culturas e das estruturas empresariais (que durante as décadas de 1980 e 1990 praticamente dominaram os espaços empresariais), vivemos uma verdadeira retomada da questão humanística nos estudos organizacionais. Pesquisadores de vários países contribuem com suas reflexões, para a emergência de um novo paradigma, capaz de induzir renovação aos estilos de gestão, que passam a ser mais voltados às pessoas, mais descentralizados e participativos, e, pelo menos em tese, mais voltados a satisfazer necessidades humanas como a dignidade e a valorização das competências individuais. Em suma, o que se anuncia é a superação do paradigma linear-cartesiano, causal, no qual os indivíduos estão submetidos à autoridade e aos desígnios da ordem de um todo que a tudo domina e controla, para um paradigma emergente, sistêmico e complexo, capaz de dar conta de novos desafios impostos pela diversidade, pela imprevisibilidade e pela complexidade. Evidenciamos e experimentamos, hoje, o fim da era em que as organizações, sobretudo as empresariais, viviam distantes da complexidade social, política, humanitária e ambiental e se projetavam somente sobre as dimensões econômicas de suas relações com as pessoas, com os grupos e com o mundo. Estamos diante de um momento profundo de reflexão e de questionamentos: o relacionamento entre o controle e a liberdade organizacional, a natureza do poder e da autoridade, o individualismo e o coletivismo, a informação e o conhecimento, sendo a responsabilidade, a estrutura social, a tecnologia e principalmente o comportamento dos seres humanos cada vez mais questionados pelas organizações, pelas sociedades e pelas pessoas. Esse cenário sinaliza que, diante dos graves problemas da geopolítica internacional, da economia e do meio ambiente globais, o seu enfrentamento passa pelo resgate de uma comunicação mais efetiva, humana e integral, entre países, culturas, organizações e indivíduos. A tendência à humanização das relações das empresas com a sociedade e com os indivíduos se apresenta ao mesmo tempo como inevitável e desejável. Notadamente, esse caminho impõe avanços posturais e atitudinais às organizações, como já é possível se ver em muitas novas práticas de comunicação interna, de relacionamento sociocomunitário e de autorresponsabilização socioambiental. No campo acadêmico, teorias como a reflexiva nos levam o olhar para as realidades criadas e recriadas e estimulam a análise dos próprios seres humanos para que as organizações sejam espaços de criatividade, de satisfação e de reconhecimento. Para tal, parece ser fundamental que se passe a enfatizar a construção de significados e sentidos em todas as suas relações. Diante desse contexto em que áreas se aproximam, desafiam-se, buscam interdependências, formas de se fortalecer, assumem a interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade, impõe-se a uma sociedade científica como a Abrapcorp o estudo sistemático, diuturno e incansável dessas questões. Na área acadêmica, em especial, somos testemunhas e mentores de pesquisas sustentadoras de novos processos, contextos e análises que impulsionam o pensamento da teoria da comunicação e que certamente podem influir nessa construção do novo paradigma do pensamento complexo. A cada nova prática, nosso entendimento sobre a organização se modifica. Nesse processo, é fundamental entendermos que as experiências humanas é que possibilitam a existência de novas práticas. Não somos mais meros espectadores e observadores. Somos atores. Olhamos, refletimos e criamos os contextos dos quais fazemos parte. Não há, portanto, ciência neutra. Assim, o III Congresso Científico da Abrapcorp, ao abraçar o tema da Comunicação e da Humanização nos contextos organizacionais, nasce com o desafio de ampliar o conhecimento que permita explorar e desenvolver as organizações como espaços reais e possíveis. O encontro propõe-se a ser um espaço crítico, de cunho acadêmico e técnico em que as dimensões institucional, técnica e mercadológica da comunicação ganham relevância, otimizando o relacionamento das organizações com os as pessoas e com a sociedade de maneira geral. Os debates do III Congresso Abrapcorp serão fomentados com as contribuições dos renomados professores Dennis Mumby (Universidade da Carolina do Norte, EUA) e Marcelo Manucci (Universidade de Salamanca, Argentina), além de Elizabeth Toth (Universidade de Maryland, EUA), que traz sua experiência para compartilhamento com docentes de comunicação. E não se pode deixar de mencionar também a presença de grandes expoentes brasileiros, tanto da academia como do mercado, que vêm se dedicando a essa temática e cujos aportes para o congresso serão de grande relevância. Em 2009, as agências de fomento também expõem sobre políticas de apoio para pesquisa científica em Comunicação, tema de fundamental importância no contexto da pesquisa na área. O congresso, além de, nas diversas sessões, permitir esse debate sobre uma temática capaz de equacionar assuntos de relevância para o avanço científico das áreas de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas, criará a oportunidade, por meio dos Grupos Temáticos (GTs) da Abrapcorp, de um diálogo construtivo entre pesquisadores e profissionais sobre os estudos que vêm sendo produzidos pelas Ciências da Comunicação. Espera-se que, com o III Congresso Científico de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, a comunidade acadêmica contribua para o avanço dos estudos sobre um tema da maior relevância na atualidade – a relação entre comunicação, humanização e organizações. A realização do Abrapcorp 2009 só foi possível graças ao conjunto de apoios recebidos de pessoas, órgãos públicos de fomento à pesquisa – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) –, e entidades parceiras – Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação e Socicom - Federação Brasileira das Sociedades Científicas e Associações Acadêmicas de Comunicação, além da parceria com a Fapcom - Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação. Registre-se, ainda, um agradecimento muito especial à Universidade de São Paulo e à Escola de Comunicações e Artes, nossa casa, e à equipe organizadora deste evento, que não mediu esforços para que o congresso aconteça de uma forma que certamente se revelará muito dinâmica e produtiva. A todos, o nosso reconhecimento público pelas contribuições e por acreditarem que os campos científicos das Relações Públicas e da Comunicação Organizacional têm uma missão a cumprir no sentido de promover a humanização e o diálogo entre as organizações, suas pessoas e a sociedade como um todo. Aos participantes do congresso, vindos das mais diferentes regiões do território nacional e de outros países, nossas boas-vindas e nossa satisfação por vê-los se integrando à missão da Abrapcorp e aos objetivos deste evento. Margarida Maria Krohling Kunsch Presidente da Abrapcorp |
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